terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Que violência...

Que violência...

Certa feita, estava de saída para mais um turno de trabalho, por volta das 17:30h, quando presenciei o seguinte fato, que gostaria de compartilhar com meus visitantes a fim de contribuir, de certo modo, para que isso não se torne algo comum e considerado normal na nossa sociedade .É possível que tenham presenciado várias situações dessa natureza, mas agora descrevê-lo me é uma necessidade de consciência. O absurdo aconteceu com vizinhos, que mal conheço, mas que parecem ser daquelas famílias as quais admiro pelo tipo de vida que aparentam levar. Pude perceber isso, após o episódio, observando-lhes algumas vezes... Família bonita, jovem, trabalho, escola, igreja, progressão. O pai, mais ou menos quarenta anos, a mãe também, os dois boa aparência, os filhos: um menininho, uns quatro anos e a garotinha, talvez sete ou oito anos, lindíssima. O casal observava os filhos brincando felizes pelo condomínio, um distinto lugar para pessoas mais ou menos de vida viver aparentemente tranquilas, quando uma mulher gritou do 4º andar, xingando o homem das coisas mais absurdas de se imaginar, mesmo sabendo disso não é possível pensar em pessoas capazes de agir dessa forma tão abominável, ainda que vivamos uma sociedade pós-moderna. Dias depois soube, pela síndica, que tudo aconteceu porque um rapaz apareceu e gritou para alguém, residente no apartamento de cima e o senhor olhou-lhe com um ar de reprovação e pediu-lhe que subisse e falasse com a pessoa no apartamento. O rapaz subiu, em seguida desceu e disse que o morador do referido andar lhe havia mandado o seguinte recado: “Para você ir falar para o Marinho”. Ao que o homem retrucou: “Diz para ele vir falar aqui”. O rapaz gritou para o tal Marinho o recado e a mulher dele apareceu na janela do quarto andar e começou a baixaria que você talvez nem imagine. De lá, ela ameaçou e o xingou de tudo o que lhe veio à mente. Eu e um vizinho, que passava por perto lhe pedimos que não respondesse, mas foi em vão parecia que a intenção da família de cima era praticar violência a qualquer custo. A mulher de cima gritou: “Meu marido não pode te agredir, mas eu posso!” Desceu de lá e pulou com os dois pés em cima do homem, simultaneamente o marido dela também fez o mesmo, o xingando das piores coisas. Eu e o vizinho não sabíamos o que fazer diante daquela cena dantesca. Olhava para a mulher do agredido, que parecia não acreditar no que estava acontecendo, mas o que mais me tocou naquilo tudo foi quando olhei em direção às crianças e as vi encolhidinhas ao lado de um carro estacionado em uma garagem próxima e me senti muito humilhada por perceber que elas estavam apavoradas, como se estivessem se escondendo com medo do casal partir para cima delas e fazer o mesmo que faziam com o pai. Se me senti dessa forma... Imaginem a mãe como não se sentiu ao ver seus filhos humilhados pela humilhação que viam o pai sofrer.
As pessoas se aproximavam e ficavam paralisadas, olhando a cena. Apareceu um rapaz que tentou deter a mulher agressora, cuja mulher do homem tentava afastar, pois toda vez que aquela percebia o marido agressor apanhando também, tentava socorrê-lo. A mulher do homem começou a pedir ajuda das pessoas para que não os deixassem brigar. Correu a um apartamento do bloco de trás e voltou com um vizinho, que correu para lhe ajudar. Um garotinho disse-me: Tia, não é melhor deixar os meninos aí na casa do vizinho para não verem mais isso? Pedi-lhe que cuidasse dos meninos só mais um pouquinho. Aproximei-me do local da confusão e me valendo da minha posição de educadora, das vezes que tenho de intervir quando os alunos partem para a agressão, pedi-lhes que parassem com aquilo, que o espetáculo havia acabado, que todos fossem para suas casas. O casal parece que havia acordado de um pesadelo e ainda sem perceber o que estavam fazendo, subiu. A mulher ainda dirigiu-me algumas palavras, que eu não ouvi, mas foi conduzida pelo marido e por um morador para o apartamento de cima. A mulher orientou o marido que estava sangrando nas mãos, nos joelhos, no cotovelo e pescoço a ir, acompanhado do vizinho que os ajudou, à delegacia e prestar queixa contra a família. O casal também se dirigiu à delegacia. Soube dias depois pelo casal agredido que me veio agradecer por ter dado um basta naquilo, que o delegado encaminhou o caso diretamente para o juiz, uma vez que segundo o escrivão , não é a primeira vez que eles fazem isso. Também pude constatar isso consultando o livro de ocorrência do condomínio, que registra o fato do casal do 4º andar beber, brigar e ameaçar os vizinhos.
Talvez você nem imagine como eu me senti presenciando o que aconteceu com a família. Tenho tanta responsabilidade no trabalho, na família. Preciso planejar aulas, corrigir provas, fazer as atividades dos cursos de formação continuada de que sempre participo, quando penso que esse tipo de coisa pode acontecer com qualquer um de nós, inclusive comigo, que vai atrapalhar minha rotina do dia-a-dia... Não sei ao certo o que faria. O casal me pediu um conselho, se mudaria, pois tinha muito medo de, de repente vender o apartamento e cometer um grave erro, pois encontrar outro lugar próximo do trabalho, da escola das crianças, não é tão simples assim. Por outro lado, e se a justiça não fosse feita, sabem que nem sempre é, teriam que conviver com estas pessoas, que certamente continuarão fazendo as mesmas coisas, enfim. É lamentável que ainda haja pessoas, que mesmo sabendo que o homem evoluiu muito desde o primeiro primata até o homem atual na forma de locomoção, na idade média de vida, no modo de aprender não conseguem ainda mudar seu jeito de ver, ser, e conviver. Aconselhei-os a acreditarem sim na justiça e como sempre faço, em Deus, pois não se pode provar mentiras. E vocês, que conselhos dariam ao casal?

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